Redator, o ser.

Autor: Joamir Barros

O redator tem que saber “plantar a semente.
Saber olhar e saber ver.
Diferenciar, mesclar ou escolher.
Na leitura e no escrever, é acreditar e é o fazer crer.
Não precisa rimar, mas precisa fazer rima.
Não precisa buscar longe, se souber procurar.
É achar sensacional a ideia na esquina,
Com os mesmos olhos que chacina, a má ideia de um dia mal.
É criar no quarto outro mural.
Salvar toda lauda em branco.
Derrubar uma garrafa de café.
Avaliar com cuidado o plano.
Fazer alguém dizer “o que é?”.
Que seja mesmo o que você quer.
Saber de fato se funcionou,
Ou simplesmente acabou.
Recomeçar e corrigir,

Levantar, recriar e produzir.
Saber driblar, antes, questionar,
Calcular e avaliar.
É caminhar na caminhada,
Satisfeito com a jornada.
Saber parar na parada... E seguir.

É olhar de fora da janela e cuspir.

Não a saliva, que jaz, pois seca,

Mas as madrugadas, palavras ousadas, não tão corriqueiras.

É ficar exausto na caminhada matinal em volta do computador.

Perceber que a energia acabou depois que acordou.

Sentir o galo cantar, mas na cidade? Por favor!

É ficar diante do espelho, querendo ver o modelo,

Faíscas de uma ideia nobre, o vazio de um silêncio pobre,

Até ser tudo mais silêncio de vez.

Nos olhos não há timidez.

Os dedos escrevem “outra vez”, outra vez.

Começar pelo Título? Já pensei.

Talvez, não sei, parei...

Ser redator não basta apenas compor,

Sim, compor como se fosse uma música ao som de um sino.

Tem que ter isso desde menino,

Mesmo que tudo venha desabando em uma nota só.

Como um disco travado no acorde de Dó,

Tem dias que dá dó é ser redator.

Não na cria de uma poesia,

Mas entender que de noite ou de dia,

O texto é mais sensacional companhia,

Não apenas para quem ler,

Mas também para o escritor.